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Arte no século xx
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Arte no século xx
O Século XX
PERCORREMOS quase metade dum século em que Marte sobrelevou às Musas. Uma Europa dilacerada, uma guerra que durou quatro anos, outra que provocou mudanças talvez mais profundas e cujas consequências são impossíveis de prever, sobressaltos económicos que arruinaram classes sociais inteiras e particularmente aquelas que pareciam ser a armadura das sociedades, e bem assim o súbito aparecimento e desaparecimento de países e a instauração de novos regimes sociais que consideramos com assombro misto de esperança ou de receio. Não nos deixemos, porém, equivocar. Não é provavelmente por essas catástrofes temporais que o futuro nos há-de julgar. Um quadro, uma estátua pesarão mais. Além disso, a arte não reflecte, ao que parece, essas convulsões, como não reflectiu, no passado, as da História.
Até hoje, não se pode pretender, apesar dos esforços de nacionalismos cada vez mais virulentos, que o primado francês esteja abalado. Pelo contrário, durante os anos que se seguiram à guerra de 1914-1918, Paris tornou-se o ponto de convergência de artistas de todos os países, tomando assim para si o antigo papel de Roma. Pôde falar-se duma escola de Paris, que compreendia Russos, Escandinavos, Espanhóis, Italianos, Checos e muitos outros ainda.
No entanto, torna-se-nôs difícil, hoje em dia, dominar essa balbúrdia.
Que o dealbar do século haja sido assinalado por uma reacção radical contra o impressionismo e que nos encontremos ainda nesta fase de reacção, eis o que não oferece dúvidas. Ela teve já vários episódios.
Gauguin e Van Gogh
Contrariamente ao que poderia supor-se, essa reacção não tirou a sua origem da lição demasiado sobranceira de Cézanne, que não foi imediatamente compreendida, mas do ensino e dos obras de dois artistas, um francês, Paul Gauguin, o outro holandês, mas que se inclui, ao mesmo tempo com razão e sem ela, na escola francesa, Van Gogh.
Paul Gauguin era daqueles que uma irresistível vocação puxa para a pintura. Exercia com efeito a profissão de empregado de cambista, quando o demónio o filou e o impeliu para um caminho que devia levá-lo à miséria, depois à morte, numa ilha da Oceania, sustentado apenas pela sua paixão e por um imenso orgulho. A transcrição servil do impressionismo, opunha ele um estilo decorativo de cores intensas e exaltadas, que justapõe, aliás com visão em extremo sensível. Destituído de senso crítico a respeito do que fazia, produziu uma obra desigual, em que há, aqui e além, alguns belíssimos quadros, tanto durante o tempo que passou na Bretanha, em Pont-Aven e no Pouldu, como sobretudo durante a estada nas paragens oceânicas. Embora fosse muitas vezes rude e insociável, adorava propagar as suas ideias, e a influência dele exerceu-se de maneira decisiva sobre certo número de artistas, tais como Paul Sérusier e Maurice Denis, que aceitaram a moda simbolista e tornaram a pôr em voga a decoração pela cor.
Van Gogh ficou mais isolado. Este Holandês, cuja alma transbordava de caridade, deixou-se penetrar pelo sentido profundo da vida. O que ele pintara antes de vir para França é pouca coisa teve aliás de lutar contra uma certa lentidão de espírito e contra uma grande ignorância que só conseguiu vencer pouco a pouco. A pintura francesa ensinou-lhe muito e algumas das suas telas mostram que não foi insensível ao japonismo, que seduziu pouco a pouco a maior parte dos pintores durante a segunda metade do século XIX. Contudo, esta acção só é comparável à de um revelador: Van Gogh descobriu-se a si próprio. Não era homem de pequenas e engenhosas rebuscas de tom, mas, manejando as tintas espessas, como se servisse duma colher de trolha, liberava as suas emoções profundas. Os Alemães opuseram ao impressionismo aquilo a que chamaram o expressionismo. Se esta palavra tem um sentido, é a Van Gogh que se deve aplicá-lo. Para ele, a pintura era um ofício trágico. Descobriu-se inteiramente a si próprio ao duro sol das regiões meridionais, que representou por torniquetes, pela pirotécnica dum amarelo de cromo puro, que é alucinante. Em Aries, aonde tinha ido pintar com Gauguin, teve o seu primeiro ataque de loucura, e, desde então, a sua própria vida encarnou esse trágico de que ele era ávido, alternância de períodos de calma e de crises agudas. Houve quem pretendesse estabelecer ligação entre o seu génio e a sua loucura, mas isto constitui uma ilusão grosseira. A verdade é que deixou transparecer um pouco dessa loucura nas suas últimas telas, das quais as mais belas são as que pintou nos seus momentos de lucidez.
PERCORREMOS quase metade dum século em que Marte sobrelevou às Musas. Uma Europa dilacerada, uma guerra que durou quatro anos, outra que provocou mudanças talvez mais profundas e cujas consequências são impossíveis de prever, sobressaltos económicos que arruinaram classes sociais inteiras e particularmente aquelas que pareciam ser a armadura das sociedades, e bem assim o súbito aparecimento e desaparecimento de países e a instauração de novos regimes sociais que consideramos com assombro misto de esperança ou de receio. Não nos deixemos, porém, equivocar. Não é provavelmente por essas catástrofes temporais que o futuro nos há-de julgar. Um quadro, uma estátua pesarão mais. Além disso, a arte não reflecte, ao que parece, essas convulsões, como não reflectiu, no passado, as da História.
Até hoje, não se pode pretender, apesar dos esforços de nacionalismos cada vez mais virulentos, que o primado francês esteja abalado. Pelo contrário, durante os anos que se seguiram à guerra de 1914-1918, Paris tornou-se o ponto de convergência de artistas de todos os países, tomando assim para si o antigo papel de Roma. Pôde falar-se duma escola de Paris, que compreendia Russos, Escandinavos, Espanhóis, Italianos, Checos e muitos outros ainda.
No entanto, torna-se-nôs difícil, hoje em dia, dominar essa balbúrdia.
Que o dealbar do século haja sido assinalado por uma reacção radical contra o impressionismo e que nos encontremos ainda nesta fase de reacção, eis o que não oferece dúvidas. Ela teve já vários episódios.
Gauguin e Van Gogh
Contrariamente ao que poderia supor-se, essa reacção não tirou a sua origem da lição demasiado sobranceira de Cézanne, que não foi imediatamente compreendida, mas do ensino e dos obras de dois artistas, um francês, Paul Gauguin, o outro holandês, mas que se inclui, ao mesmo tempo com razão e sem ela, na escola francesa, Van Gogh.
Paul Gauguin era daqueles que uma irresistível vocação puxa para a pintura. Exercia com efeito a profissão de empregado de cambista, quando o demónio o filou e o impeliu para um caminho que devia levá-lo à miséria, depois à morte, numa ilha da Oceania, sustentado apenas pela sua paixão e por um imenso orgulho. A transcrição servil do impressionismo, opunha ele um estilo decorativo de cores intensas e exaltadas, que justapõe, aliás com visão em extremo sensível. Destituído de senso crítico a respeito do que fazia, produziu uma obra desigual, em que há, aqui e além, alguns belíssimos quadros, tanto durante o tempo que passou na Bretanha, em Pont-Aven e no Pouldu, como sobretudo durante a estada nas paragens oceânicas. Embora fosse muitas vezes rude e insociável, adorava propagar as suas ideias, e a influência dele exerceu-se de maneira decisiva sobre certo número de artistas, tais como Paul Sérusier e Maurice Denis, que aceitaram a moda simbolista e tornaram a pôr em voga a decoração pela cor.
Van Gogh ficou mais isolado. Este Holandês, cuja alma transbordava de caridade, deixou-se penetrar pelo sentido profundo da vida. O que ele pintara antes de vir para França é pouca coisa teve aliás de lutar contra uma certa lentidão de espírito e contra uma grande ignorância que só conseguiu vencer pouco a pouco. A pintura francesa ensinou-lhe muito e algumas das suas telas mostram que não foi insensível ao japonismo, que seduziu pouco a pouco a maior parte dos pintores durante a segunda metade do século XIX. Contudo, esta acção só é comparável à de um revelador: Van Gogh descobriu-se a si próprio. Não era homem de pequenas e engenhosas rebuscas de tom, mas, manejando as tintas espessas, como se servisse duma colher de trolha, liberava as suas emoções profundas. Os Alemães opuseram ao impressionismo aquilo a que chamaram o expressionismo. Se esta palavra tem um sentido, é a Van Gogh que se deve aplicá-lo. Para ele, a pintura era um ofício trágico. Descobriu-se inteiramente a si próprio ao duro sol das regiões meridionais, que representou por torniquetes, pela pirotécnica dum amarelo de cromo puro, que é alucinante. Em Aries, aonde tinha ido pintar com Gauguin, teve o seu primeiro ataque de loucura, e, desde então, a sua própria vida encarnou esse trágico de que ele era ávido, alternância de períodos de calma e de crises agudas. Houve quem pretendesse estabelecer ligação entre o seu génio e a sua loucura, mas isto constitui uma ilusão grosseira. A verdade é que deixou transparecer um pouco dessa loucura nas suas últimas telas, das quais as mais belas são as que pintou nos seus momentos de lucidez.
Fernandanogueira3GCELC- Art Level II
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